Vou começar dizendo que este texto não é uma reflexão demorada de anos de trabalho, não é uma tentativa de um texto científico, não é uma escrita pretensiosa e pode ou deve mudar daqui a instantes. Devido a pandemia do COVID-19, fomos orientados a ficar em isolamento social, sair somente quando extremamente necessário. Nestas circunstâncias, nossa casa se tornou o nosso mundo e os entes mais próximos nossa companhia. Eu faço parte do Via Expressa Coletivo Teatral, um grupo de atores e não-atores que se organizou após o Curso A Presença do Ator, de Carlos Simioni para seguir o aperfeiçoamento dos ensinamentos do curso. O que aprendemos durante os encontros podem ser chamados de exercícios para desenvolver a presença do ator, o elã necessário para estar em cena. Porém, há um conteúdo oculto, que também foi transmitido que fala sobre o quanto você está disposto a se doar para crescer enquanto artista e da necessidade de estarmos em grupo. Parece que com o isolamento não podemos estar na companhia dos outros, será? O quanto dos outros sempre ficam em nós? Quem são os outros e quem sou eu? Após, o término do curso recebemos orientações de seguir o treinamento em casa, mesmo que sozinhos, mesmo que por pouco tempo. Uma estranha motivação me impulsionava em meu quarto completamente sozinha a seguir a sequência de exercícios, quem me olhasse pensaria que louca a se pavonear sem sentido, seu corpo transpira, sua respiração acelera, seus músculos doem, eu sempre penso vou parar, mas não paro, pois há um prazer e uma beleza tão grande que você persiste, na solidão da companhia do Mestre. Como na vida, com ou sem isolamento social, o sentido do que fazemos somos nós mesmos que devemos dar. Treinar online é impossível, não tem graça cada um na sua casa, não tem a vibração das pessoas, pessoas dirão o que quiserem. Mas eu e minha imaginação criativa criamos o espaço dentro do espaço da minha sala de estar que se transforma no lugar sagrado da sala de trabalho, o meu Mestre, sua voz e os seus ensinamentos estão dentro de mim, gravados como tatuagem em minha pele. Minha amiga atriz Naiara Harry diz: “Façamos do nosso jeito, ‘bora’ marcar nossa existência”, esta pode ser a lindeza deste momento de cada um na sua e todos conectados, unidos, juntos. Palavras de Cláudia Machado.
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